Por relacionamentos com mais roteiros e menos rotina.

Quando eu e Dani já estávamos juntos há algum tempo, conversamos sobre a minha vontade de experimentar coisas diferentes. Além da praia, eu também gostava de serra. Ele é do surf e eu queria ampliar os horizontes para além da Prainha (uma das praias preferidas dos surfistas do Rio de Janeiro).

O sentimento agradável de escapar da rotina começou quando eu ainda era criança.

Quando morava com meus pais, não tínhamos o hábito de viajar, pois simplesmente não tínhamos condições financeiras para isso. Lembro-me de apenas duas viagens que fizemos juntos: uma para Porto Firme, em MG, e outra para Cabo Frio, no RJ. Mas, os domingos de praia eram sempre incríveis. Uma vez passamos um carnaval acampado na areia, e a praia era tão próxima da nossa casa que, se me lembro bem, encurtávamos o perrengue indo tomar banho no nosso chuveiro residencial. rs

Já a minha avó alegrava a criançada e frequentemente saia com um grupo de crianças em passeios estratégicos para a a Quinta da Boa Vista, Bosque da Barra, Barrashopping. Esses passeios eram grandes eventos. Eu adorava.

Eu passava todas as férias escolares na casa da minha bisavó, em Casimiro de Abreu. E, ainda criança, achava libertador pegar estrada num ônibus grandão e ficar uns dias longe das limitações dos meus pais.

O sentimento transbordou quando encontrei um parceiro para dividir a vida

Eu sabia que tinha vontade de viajar, mas não fazia ideia por onde começar. Na verdade, nem o Dani sabia. Até então, suas viagens eram para destinos específicos de surf, visitas à família e viagens com pais, irmãos e primos ainda na infância. Após essa conversa no início do nosso relacionamento, começamos a nos libertar das amarras.

As descobertas e experiências nas primeiras viagens

Nossa primeira viagem juntos foi para visitar a minha sogra em Vila Velha, lugar onde o Dani passou boa parte da sua infância. Amei explorar o litoral Capixaba, degustar a culinária local, aprender a apreciar o caranguejo da forma mais raiz possível (com farofinha amarela, vinagrete e os “destroços” do caranguejo misturados na casquinha como base) e me aventurar na sobremesa afetiva que ele tanto falava: o doce de jaca (um gomo de jaca passado no açúcar e vendido como bananada). Essa experiência de conhecer e se conectar com o que é significativo para o outro é algo especial.

Na segunda viagem, passamos o carnaval com um casal de amigos em Visconde de Mauá. Apesar da monotonia e da grana ser bem mais restrita naquela época, fomos nos descobrindo e tomando gosto por viagens. Foi em Visconde de Mauá que comemos truta pela primeira vez: truta na manteiga com arroz de amêndoas por apenas R$ 6,90 o PF. Maromba ainda era destino preferencial dos hippies e mochileiros e não oferecia opções de alta gastronomia e hotéis cinco estrelas.

À partir disso, nossas viagens de férias anuais eram para Vila Velha. Acabei me identificando bastante com a atmosfera capixaba e cheguei a me considerar parte desse local, inclusive. rs

A primeira viagem internacional juntos

Nossa primeira viagem internacional juntos foi para Punta Cana e Panamá. Durante essa viagem, percebemos que resorts e excursões não eram nosso estilo… apesar de todas as recomendações sobre os perigos de sair da área do resort, foi exatamente o que fizemos. Inclusive, optamos por não retornar ao hotel no ônibus do passeio pelo Canal do Panamá. Após seguir um grande grupo liderado por um guia com microfone e muita conversa desnecessária, achamos que isso nos impedia de aproveitar o passeio em nosso próprio ritmo.

Isla Saona – República Dominicana

O combinado

Depois disso, decidimos: fazer uma viagem internacional por ano. E seguimos essa meta até 2019, quando fomos interrompidos pela pandemia.

As viagens internacionais eram a grande meta anual, mas de vez em quando rolava umas viagens curtinhas.

Passamos por muitos lugares: Chile, Argentina, Uruguai, Londres, Espanha, França, Itália, Alemanha, Bélgica, Holanda, Portugal, Polônia, Hungria, California, Vegas… Viajamos tanto com amigos e família quanto somente nós dois. Sempre buscando experiências menos turísticas, explorando e vivenciando os destinos.

O entendimento

Entendemos que lidar com o processo de aeroporto e avião pode ser bem cansativo, que o trem é uma opção prática, mas que não há nada como viajar de carro e ter a liberdade de parar – sem planejamento – ao ver uma grande plantação de trigo ou girassóis, uma vendinha à beira da estrada, um rebanho de ovelhas correndo ao pôr do sol ou uma piscina natural convidativa para um mergulho.

Monsaraz – Portugal

Mas, o que mais descobrimos juntos foi a bela conexão que existe entre nós em todas as viagens. Além de passarmos mais tempo juntos, longe da rotina exaustiva de casa e do trabalho, acabamos experimentando, explorando e descobrindo gostos em comum que nos tornam mais cúmplices.

Teugelsberg – Berlim

Foi nessa coleção de viagens que tomamos cerveja juntos pela primeira vez, tive coragem de experimentar uma roda gigante e um teleférico, decidimos gastar todo o dinheiro que ganhamos numa jogatina jantando no melhor restaurante da cidade, enfrentamos desafios com o idioma, moeda e multa, nos emocionamos em Auschwitz, visitamos a cervejaria mais antiga do mundo, nos acabamos em cerveja e moules-frites em Bruges, vimos neve e enfrentamos o dia mais quente registrado na França em 2019.

Weihenstephan, a cervejaria mais antiga do mundo – Alemanha
Bruges – Bélgica

Olha, eu recomendo. Faz um beeeem!



Como iniciar o planejamento de uma viagem

Meu processo pessoal para planejar uma viagem com roteiro e otimização.

Destinos

Faz muitos anos que alimento uma planilha com todos os lugares que gostaria de conhecer. Lá tem todas as informações que surgiam em revistas, sites, rede social e me despertavam desejo e curiosidade. Para cada destino específico, uma “abinha”. É muito bacana reunir essas informações porque cada vez que surge uma oportunidade de viajar eu já tenho onde consultar com meu próprio filtro.
Nesse período de pandemia confesso que por várias vezes achei que não viajaria de novo. Deixei de sonhar e a planilha ficou realmente de lado… Só esse ano dei uma olhada nela de novo. Esse ano, a vida, os desejos e expectativas já eram outros. E, claro, os apps também. Vocês já conhecem o Notion? Eu amo. É todo lindinho, organizadinho e eu já uso para várias outras áreas da vida. Agora tô passando todas essas informações de viagem para o Notion, bem devagar e ainda descobrindo um melhor layout para facilitar as minhas consultas e inclusão de informações.
E por lá separei os destinos por: quem sabe um dia, já fui e voltaria.

Passagem

Geralmente viajamos de milhas. Até 2019 transferíamos nossas milhas para a Latam sempre em decorrência de alguma promoção de duplicação. A última passagem tirei direto pelo esfera e dessa vez voamos pela Azul. Aliás, recomendo.

Antes da compra avalio preços de passagem pelo Voopter. Além da consulta das passagens baratas, você pode escolher o destino, até 4 datas de ida e 4 datas de volta e criar alertas para possíveis promoções. Quando surgir algum preço bacana, vai na “rataria” das pesquisas no site da própria companhia, no esfera e etc… Dá trabalho, mas dá certo.

Rotas

Depois da passagem comprada, já munida das minhas informações, começo planejando a viagem no google maps. Usando o modelo satélite vou dando zoom e procurando lugares bacaninhas, não tão turísticos, onde seja possível caminhar por ruas residenciais, observar as casas e o modo de viver das pessoas locais, entrar no mercado do bairro, visitar lojinhas… à partir daí busco opções de hospedagem e vou traçando rotas para lugares mais distante que não gostaria de deixar de visitar. Isso impacta diretamente na localização final da hospedagem, locação de carro, meios de locomoção e no roteiro geral para adequar inclusive aos horários.

Não é nada engessado. É só um estudo e organização prévia para não papar mosca e ficar perdido sem saber o que fazer no lugar onde está e se ver refém daqueles livrinhos “pega turista” que oferecem na recepção do hotel.

Agora já temos:

  • Passagem com horários de chegada e partida
  • Listinha com os locais que gostaria de ir (os que anotei em pesquisas durante a vida)
  • Estudo do mapa com os devidos pins
  • Planejamento de rotas
  • Ideia de melhor localização

Roteiro

O próximo passo é criar o roteiro. Vou desenhando dia por dia com todas as informações pertinentes e aí pensando em quantos dias gostaria ou preciso ficar em cada local.

Tá aí o modelo de roteiro de uma das últimas viagens, em 2019. Anoto a média do tempo de viagem, os locais que gostaria de parar, informações importante sobre hospedagem, café da manhã, estacionamento e tudo o que for importante para o dia e o destino.

Roteiro em mãos, vamos ao Booking pesquisar os hotéis. Confesso que sou chatinha com essa parte. Sempre verifico bem as avaliações sobre cama, banheiro, se tem janela e se bate sol. Sou super alérgica e depois de chegar de um dia inteiro de badalação priorizo tomar um bom banho e dormir bem, numa cama confortável, sem alergias. Por isso avalio conforto, localização e preço. Às vezes preciso alterar uma coisa ou outra no roteiro devido à localização do hotel, faz parte.

Planejamento e otimização

Com tudo pronto, baixo o mapa off line para ficar garantido. Nas últimas duas viagens comprei chip local e nem precisaria baixar o mapa, mas vai que…

Esse rolê todo dá muito trabalho e leva um tempão. Meses. Mas já começo a viajar quando inicio o planejamento. Silencio o celular, vou para um cantinho sem interrupções e já entro na viagem sem nem levantar o bumbum da cadeira. Adoro!

O roteiro (que sempre levo impresso) é bacana, mas não precisa ser ao pé da letra. O bacana das viagens também são as descobertas, a ressaca master da bebedeira do dia anterior que muda tudo, aquele restaurante que um amigo indicou mas a fila é de matar, o lugar genial que achou na estrada e vai fazer diminui o tempo de estadia na próxima parada… Enfim… Roteiro é planejamento, não regra.

No mais, tomara que essas informações sejam pertinentes para alguém. E se vocês planejam de um jeito diferente, me conta também?

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